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quinta-feira, 10 de setembro de 2015

modernismo no brasil


          A Semana de Arte Moderna ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, realizada entre 11 e 17 de fevereiro de 1922, pelo pintor Di Cavalcanti. O evento marcou o início do modernismo no Brasil e tornou-se referência cultural do século XX.

         Em um período repleto de agitações, turbulências políticas, sociais, econômicas e culturais. Os intelectuais brasileiros se viram em um momento em que precisavam abandonar os valores estéticos antigos, ainda muito apreciados em nosso país, para dar lugar a um estilo novo e diferente, buscando identidade própria e liberdade de expressão, que resultou uma renovação da visão social.
Entre os escritores modernistas destacam-se: Oswald de Andrade, Guilherme de Almeida e Manuel Bandeira.

         Apesar da designativa “semana”, o evento ocorreu em três dias. Cada dia da semana trabalhou um aspecto cultural: pintura e escultura, poesia, literatura e música.
·                            13 de fevereiro (Segunda-feira) - ocorreu a abertura oficial do evento com várias pinturas, esculturas espalhadas pelo saguão, causando reações de espanto e repúdio por parte do público. O espetáculo tem início com a conferência de Graça Aranha, intitulada "A emoção estética da Arte Moderna".
·                              15 de fevereiro (Quarta-feira) - Guiomar Novais era para ser a grande atração da noite, mas pela contra a vontade dos demais artistas modernistas, aproveitou um intervalo do espetáculo para tocar alguns clássicos consagrados. Mas a "atração" dessa noite foi a palestra de Menotti del Picchia sobre a arte estética, dos novos escritores nos novos tempos e surgem vaias, barulhos diversos (miados, latidos, grunhidos, relinchos…). Quando Ronald de Carvalho lê o poema “Os Sapos de Manuel Bandeira”, (poema criticando abertamente o parnasianismo e seus adeptos) o público faz coro atrapalhando a leitura do texto.
·                                17 de fevereiro (Sexta-feira) – Evento com apresentações musicais de Villa-Lobos e de vários outros músicos. O público em número reduzido, portava-se com mais respeito, até que Villa-Lobos entra de casaco, com um pé de sapato e outro com chinelo; o público interpreta a atitude como futurista e desrespeitosa e vaia o artista. Mais tarde o maestro explicaria que se tratava de um calo inflamado.

           Após essa Semana, houve um rompimento com o academicismo literário, com a gramática normativa, incorporação na poesia e na prosa da liberdade na expressão de ideias, nas formas (versos livres), da pontuação subjetiva ou ausência da mesma, da linguagem vulgar e do coloquialismo.
Embora tenha sido alvo de muitas críticas, a Semana de Arte Moderna só conseguiu adquirir sua real importância ao inserir suas ideias ao longo do tempo. O movimento conseguiu expandir por divulgações através da Revista Antropofágica, Klaxon, e também pelos vários movimentos: Movimento Pau-Brasil, Grupo da Anta, Verde-Amarelismo e pelo Movimento Antropofágico. 
 A Semana de Arte Moderna (1922) é considerada o marco inicial do Modernismo brasileiro. 

Os modernistas ridicularizavam o parnasianismo, movimento artístico em voga na época que cultivava uma poesia formal. Propunham uma renovação radical na linguagem e nos formatos, marcando a ruptura definitiva com a arte tradicional. Cansados da mesmice na arte brasileira e empolgados com inovações que conheceram em suas viagens à Europa, os artistas romperam as regras preestabelecidas na cultura. 
Na Semana de Arte Moderna foram apresentados quadros, obras literárias e recitais inspirados em técnicas da vanguarda europeia, como o dadaísmo, o futurismo, o expressionismo e o surrealismo, misturados a temas brasileiros.
Os participantes da Semana de 1922 causaram enorme polêmica na época. Sua influência sobre as artes atravessou todo o século XX e pode ser entendida até hoje. 

A primeira fase do Modernismo 

O movimento modernista no Brasil contou com duas fases: a primeira foi de 1922 a 1930 e a segunda de 1930 a 1945. a primeira fase caracterizou-se pelas tentativas de solidificação do movimento renovador e pela divulgação de obras e ideias modernistas. 
Os escritores de maior destaque dessa fase defendiam estas propostas: reconstrução da cultura brasileira sobre bases nacionais; promoção de uma revisão crítica de nosso passado histórico e de nossas tradições culturais; eliminação definitiva do nosso complexo de colonizados, apegados a valores estrangeiros. Portanto, todas elas estão relacionadas com a visão nacionalista, porém crítica, da realidade brasileira.
Várias obras, grupos, movimentos, revistas e manifestos ganharam o cenário intelectual brasileiro, numa investigação profunda e por vezes radical de novos conteúdos e de novas formas de expressão.
Entre os fatos mais importantes, destacam-se a publicação da revista Klaxon, lançada para dar continuidade ao processo de divulgação das ideias modernistas, e o lançamento de quatro movimentos culturais: o Pau-Brasil, o Verde-Amarelismo, a Antropofagia e a Anta. 
Esses movimentos representavam duas tendências ideológicas distintas, duas formas diferentes de expressar o nacionalismo. 
Dentre os muitos escritores que fizeram parte da primeira geração do Modernismo destacamos Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Alcântara Machado, Menotti del Picchia, Raul Bopp, Ronald de Carvalho e Guilherme de Almeida.

Algumas características dessa escola literária

Uma das características era a busca por melhores formas de se desfazer das “marcas antigas” e substituir por novas formas, possivelmente melhores, de chegar ao progresso;
Os modernistas queriam que as pessoas se adaptassem as suas visões de mundo e aceitassem que o “novo” também era bom e belo;
Tentava se desprender ao máximo das heranças do Parnasianismo;
Revolucionou as artes plásticas, a literatura, o design e até mesmo a organização social
É considerado um movimento não só artístico como também político e social, já que se opunha à política totalitária da época, bem como da contradição social entre os proletários e imigrantes e as oligarquias rurais.

A primeira fase modernista também é marcada pelos manifestos nacionalistas: do Pau-Brasil, da Antropofagia, do Verde-Amarelismo e o da Escola da Anta. Podemos destacá-los da seguinte forma:

• Manifesto Pau-Brasil: escrito por Oswald de Andrade, publicado no jornal “Correio da Manhã”, em 18 de março de 1924, apresentou uma proposta de literatura vinculada à realidade brasileira e às características culturais do povo brasileiro, com a intenção de causar um sentimento nacionalista, uma retomada de consciência nacional.

• Antropofagia: publicado entre os meses de maio de 1928 e fevereiro de 1929, sob direção de Antônio de Alcântara Machado, surgiu como nova etapa do nacionalismo “Pau-Brasil” e resposta ao “Verde-Amarelismo”. Sua origem se dá a partir de uma tela feita por Tarsila do Amaral, em janeiro de 1928, batizada de Abaporu ( aba= homem e poru = que come). Assinado por Oswald de Andrade, tinha, como diz Antônio Cândido, “uma atitude brasileira de devoração ritual dos valores europeus, a fim de superar a civilização patriarcal e capitalista, com suas normas rígidas no plano social e os seus recalques impostos, no plano psicológico”

• Verde-Amarelismo: este movimento surgiu como resposta ao “nacionalismo afrancesado” do Pau-Brasil, em 1926, apresentado, principalmente, por Oswald de Andrade, liderado por Plínio Salgado. O principal objetivo era o de propor um nacionalismo puro, primitivo, sem qualquer tipo de influência.

• Anta: parte do movimento Verde-Amarelismo, representa a proposta do nacionalismo primitivo elegendo como símbolo nacional a “anta”, além de vangloriar a língua indígena “tupi”.

Através das características desses manifestos, temos por análise a identificação de duas posturas nacionalistas distintas: de um lado o nacionalismo consciente, crítico da realidade brasileira, e de outro um nacionalismo ufanista, utópico, exacerbado.
Os principais escritores da primeira fase do Modernismo são: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Antônio de Alcântara Machado.


Trecho do Manifesto Antropófago – Oswald de Andrade


“Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do Império. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses.”

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